Contaram-me esta histórinha e eu estou contando conforme eu a ouvi:
Essa semana eu fui para a casa do meu avô Valter. Uma das coisas que eu mais gosto de fazer lá é ficar lendo com ele. Cada um senta numa ponta do sofá e a gente fica lendo gibís um tempão.
Mas dessa vez aconteceu um negócio diferente.
Foi assim: O meu avô estava lendo o jornal e eu estava lendo o livro que ele tinha me dado de presente, que se chama “Almanaque de puns, melecas e coisas nojentas”. Aí, de repente eu escutei um barulho assim: “Prrruuum!”
Eu perguntei: “Que barulho foi esse?”
“Que barulho?”, ele disse.
“Esse ‘prrruuum’.”
“Não escutei.”
Então eu senti um cheiro horrível! Um fedorzão!, e aí eu falei:
“Vô, você peidou!”
“Não estou sentindo nada.”
“Está o maior cheiro de podre! Acho que vou morrer asfixiado!”
Aí ele começou a rir e disse: “Asfixiado? Ah, não exagera, foi um punzinho de nada.”
Então eu botei a mão na garganta e disse: “Rrrr, socorro!, estou morrendo por causa do seu pum venenoso...”, e aí eu fiz que estava tonto, dei umas giradas pela sala e pou! Fingi que desmaiei no sofá.
Eu fiquei um tempo lá, paradão, e então aconteceu a coisa estranha. Quando eu abri os olhos, eu não estava mais na sala do meu avô. Estava num lugar muito estranho, cheio de curvas, como se fosse uma escadaria que desse quatorzes voltas malucas. E do meu lado tinha um cara azul que parecia um daqueles espaguetes de piscina.
“Oi”, disse o cara azul. “Você é novo por aqui?”
“Aqui é onde?”
“É o intestino.”
“Caramba! Como é que eu vim parar nesse lugar. Será que o pum do meu avô é que nem o pó de pirlimpimpim da Emília?”
“Emília eu não sei quem é, mas de pum eu entendo. Muito prazer, meu nome é Methanobacterium . Mas pode me chamar só de Êta.”
“Eu sou o Eduardinho, mas pode me chamar de Dudu.”
“Então, Dudu, quer dizer que você veio parar aqui com um pum mágico?”
“Mágico e fedido.”
“He, he, ele é fedido por minha causa.”
“Mas quem soltou o pum foi o meu avô Valter.”
“Ele soltou, mas fui eu que fiz. É que eu me alimento das comidas que o seu avô não consegue digerir. E aí, em vez de suar, eu fabrico um gás chamado metano. Tem outra bactéria que produz enxofre, outra que produz nitrogênio..., cada um na sua, né?”
“E esses gases todos é que viram o pum?”
“Isso. Todo mundo solta uns quinze puns por dia. Até o Presidente Lula. Quer dizer, ele deve soltar mais, porque as pessoas mais velhas têm menos enzimas para fazer a digestão, e aí sobra mais trabalho para a gente.”
“Quer dizer que eu solto quinze puns todos dos dias?”, eu perguntei.
“É. Se juntasse todos dava para encher um balão de festa.”
“Caramba, que legal! Eu e os meus amigos podíamos juntar todos os nossos puns e fazer um aniversário só com balões de pum. E depois a gente estourava tudo!”
“Ia ser uma festa inesquecível.”
“Mas será que não dá para aumentar a nossa produção de puns? Um balão por pessoa é muito pouco”, eu falei.
“Tem umas coisas que podem ajudar. Por exemplo, você pode engolir mais ar.”
“Como é que faço isso?”
“É só beber sempre de canudinho, mascar chiclete e tampa de caneta, respirar pela boca, comer muito e bem rápido...”
“Tem certeza que isso vai fazer eu soltar mais puns?”
“Claro! E você também pode escolher umas comidas mais peidófilas, tipo repolho, lentilha, batata-doce, abacate, brócolis, cebola, melancia, pimentão, pêssego e pipoca. E não pode esquecer da melhor de todas: feijão!”
“Feijão!? Por quê?”
“Por que ele tem dois açúcares que o corpo não digere bem. Aí a minha turma come esses açúcares e solta gases. Pode reparar: trinta minutos depois de você comer uma feijoada, começa o tiroteio.”
“Amanhã eu vou comer feijoada, só para ver se é verdade.”
“Claro que é. Os astronautas são até proibidos de comer feijão. Já pensou soltar uns peidos dentro da nave? Sem porta e sem janela?”
“Coitados... Se eles estivessem com o meu avô então...”
“Ele é bom de pum?”
“É campeão! Quer dizer, campunhão!”
“Aposto que ele não é melhor que o Joseph Pujol.”
“Quem é esse?”
“Era um padeiro francês que peidava tanto que decidiu ganhar dinheiro com isso. Começou a fazer shows. Imitava um monte de sons, tipo trovão, e até tocava música.”
“Ele tinha um pum afinado?”
“Afinadíssimo. E a melhor parte do show era quando ele colocava uma vela a trinta centímetros de distancia e apagava ela com um pum. O pessoal aplaudia de pé. Ele fez tanto sucesso que acabou tendo um teatro só para ele, o Pompadour. O Pujol é o ídolo do pessoal aqui do intestino. Só ele entende a beleza do nosso trabalho. Porque o pum é mais que ventinho fedido: Ele é o grito de um condenado clamando pela liberdade!”
“Caramba, você gosta mesmo de pum!”
“É, meu chapa, eu sou um espuncialista. Opa!, agora me dá licença que está chegando trabalho.”
Aí eu pisquei os olhos e de repente eu estava na sala do meu avô de novo. E ele comia um pêssego.
“Caramba,Dudu, pensei que você não fosse acordar mais.”
“Eu não dormi. Eu estava no seu intestino.”
“Ah, é? Bom, você saiu na hora certa, porque eu estou sentindo umas coisas estranhas na barriga.”
Aí ele soltou aquele “prrrrrumm” de novo e disse: “Xi, desculpa, Dudu.”
“Tudo bem, vô, não foi você, foi o Êta, o cara que mora na sua barriga.”
Aí ele disse: “Boa idéia, Dudu. Daqui para frente vou botar a culpa sempre neste
Êta”.
E soltou outro pum."PRRUUUMM "
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EXPLICAÇÃO MÉDICA: Os gases, como arroto e pum, são liberados de forma involuntária (sem depender da nossa vontade) pelo organismo e, na maioria das vezes, é possível segurá-los. Mas nem sempre dá para escolher quando ou não se pode eliminá-los.
Ao segurar o pum, por exemplo, ele volta para o intestino até escapar de novo. No entanto, quem faz isso com frequência pode ter dores de barriga e problemas no abdômen (chamado de distensão abdominal).
O pum é um gás que sai pelo ânus, acompanhado ou não por som. Dependendo da velocidade que for expulso e da contração de uma espécie de válvula, ele será mais barulhento ou silencioso. Esse gás é o resultado do ar ingerido com a comida (ou enquanto falamos) e da decomposição dos alimentos pelas bactérias que moram no intestino grosso (último local por onde os alimentos passam antes de serem absorvidos ou eliminados pelo intestino).
Um dos gases de sua composição é o metano que, por ser mais leve do que o ar, sobe rapidamente para atmosfera; por isso, é fácil sentir seu cheiro. Alguns alimentos provocam mais gases, como grãos (feijão, ervilha), verduras (repolho) e legumes crus (couve-flor). Segundo os especialistas, o arroz é o único alimento que não dá gases.
A quantidade depende do organismo de cada um, uma vez que as bactérias presentes no intestino se diferenciam de uma pessoa para outra. Quem está doente ou com problemas de estômago tem mais chances de produzir puns mais fedidos. Dormindo ou acordados, todo mundo solta pum, entre 15 a 20 por dia, o que equivale a 1 litro e meio de gases.
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